Por Gustavo Skury

        Quando gostamos de alguma coisa, procuramos nos especializar e saber mais sobre o assunto, através de leitura, pesquisa, vivência, etc... A história a seguir se reflete em um dom dado por Deus ao nosso amigo Roberto Gonçalves Rangel, que é o de gostar de carros em geral. Ainda na infância, aos 8 e 9 anos, brincava com caminhões de madeira e Jeep CJ-5 de plástico.
        Aos 10 anos, presenciou por seu pai Mário Rangel (já falecido), a aquisição do primeiro carro da família, uma Pick-up Chevrolet Brasil 1963 Verde/Branca, com cambio na coluna de direção, que agarrava sempre em segunda marcha (folga no trambulador), onde aprendeu os primeiros passos de direção quando o acompanhava à propriedade rural. Pouco tempo depois, seu pai vendeu a Pick-up e em 1975 adquiriu um VW Sedan 1970 1º série Branco Lótus, onde aprimorou a prática de dirigir. Seu pai possuíra Fuscas até a década de 80.

 

Chevrolet Brasil 1963 de Roberto - Idêntica a que seu pai possuiu

 

        Aos 15 anos já colecionava revista 4 Rodas (possui do exemplar Nº 3 até a década de 80). Sua família ostentava uma tradição por carros Chevrolet, seus tios tiveram Pick-up’s Chevrolet 1951, Caminhão Chevrolet Brasil, entre outros. Seu pai trabalhou de 1962 à 1967 em um Caminhão Chevrolet Brasil 1959 (famoso diferencial de manteiga - quebrava sempre), só melhorando no ano de 1961 com o lançamento do diferencial Tinken. Outros tios tiveram C 14, Opala e consequentemente os modelos mais modernos. Com isso tornou-se apaixonado por Chevrolet, uma paixão que não saia da mente, pois passou a infância vendo e vivendo Chevrolet.
        Em outubro de 1985, a revista 4 Rodas lançou um encarte em comemoração aos 25 anos de fundação da revista, nessa ocasião, presenciou diversos veículos do início da indústria nacional como: VW Sedan 1200, Aero Willys, Jeep Willys, Vemag’s, entre outros, e o famoso Simca Chambord, que chamou a atenção para a beleza da carroceria e o remeteu ao ano de 1974, quando andou com sua mãe Neuza Gonçalves Rangel em um táxi Simca Chambord. Quando viu a foto do encarte se lembrou do barulho do gargarejo do V8 da Simca. Daí em diante pôs na cabeça que o que mais queria era possuir uma Simca Chambord. Então em 1986, começou a procura em jornais e revistas do Rio de Janeiro e São Paulo, até descobrir que na nossa cidade existiam 3 ainda em condições de uso que infelizmente não pode comprar nenhuma delas.
        A busca durou até o ano de 1988, quando através do jornal O Dia do Rio de Janeiro viu um anúncio de uma Simca Chambord 1962. Imediatamente ligou para o proprietário e marcou uma visita para ver o carro no dia seguinte, no Rio de Janeiro. Chamou o amigo Manoel Machado (pois não sabia andar no Rio de Janeiro) para acompanhá-lo na viagem. Ao chegar, teve uma surpresa desagradável pois o proprietário havia falado de um podre na caixa de ar, e não do fundo todo. Era um verdadeiro carro dos Flinstones totalmente sem fundo, ou seja, um podre cheio de carro (diz Roberto aos risos).
        Depois de tamanha decepção o referido carioca indicou um lugar chamado Velho Galpão em Ricardo de Albuquerque e lá foram eles ver outra Simca. Foi amor a primeira vista, lá estava uma Simca Chambord modelo 3 andorinhas Branca/Vermelha só o esperando. Voltou para Campos dos Goytacazes – RJ e a Simca ficou para ser transportada no dia seguinte. Naquela noite de inverno de junho de 1988 não dormiu direito de tanta ansiedade. Ao nascer do dia 3 de junho de 1988, o amigo Manoel Machado lhe trazia o que seria um dos seus maiores xodós e o carro que começou no mundo do antigomobilismo, participando em julho do mesmo ano de um encontro de veículos antigos em Teresópolis – RJ, realizado pelo saudoso e amigo Dr. Robson.

 

Simca Chambord

        

        Nessa Simca junto ao amigo Manoel Machado, conheceu nos anos seguintes todas as exposições e aficcionados em autos antigos das regiões Serrana, Niterói e Grande Rio, até que em 1990 conheceu Rafael Peixoto da Silva e sua Pick-up Marta Rocha 1956 ainda em restauração. Depois conheceu Amaro Antônio Damasceno (o nosso Damasceno), com um Bugre 1969 reluzente, que através da amizade e também pela paixão pelos antigos adquiriu uma Belcar 1967. Posteriormente conheceu Luiz Carlos Batista Nunes (o Luiz Ford 29), Nilton Guimarães, e tantos outros que faltaria espaço para citar. 

        Foi então que em 1992 fundaram o Clube do Automóvel Antigo de Campos/RJ, e no mesmo ano, realizaram entre os dias 01 e 02 de Agosto o 1º Encontro de Veículos Antigos de Campos/RJ na praça São Salvador, com a ajuda do saudoso Roberto Miranda, e a turma maravilhosa de Vitória/ES, Celso ‘’Carvelho’’, que forneceu uma lista de quase 100 (cem) endereços de antigomobilistas de todo o Brasil. Enviou os convites através de cartas e telefonou para antigomobilistas do Rio de Janeiro, Niterói, Região Serrana, ES, etc...
        No primeiro dia do evento, chegou à praça com o amigo Manoel Machado às 06 h da manhã e começaram a montar o palanque. À partir das 08 h, começaram a chegar os colegas de Campos e às 09h teve a maior sensação e alegria do dia, ao avistar a chegada de veículos como: Chevrolet Impala, Chevrolet Bel-Air, VW Karmann-Ghia, entre outros. Era a turma do Rio de Janeiro, Niterói e Vitória chegando, aí pensou assim ‘’está pronta a minha exposição’’ (relatou Roberto muito emocionado). O evento contou com aproximadamente 100 veículos.
        Roberto e o seu grupo de amigos, realizaram exposições até o ano de 2001, quando o Edivar Silva Gomes e Fabiano de Castro brilhantemente deram continuidade até os dias de hoje. Conta com muito orgulho, por ter projetado o nome de Campos no mundo do antigomobilismo e hoje se sente feliz porque através do Rio Minas Clube de Veículos Antigos (onde foi presidente), do empenho de Edivar e do jeito amigo, simpático e dinâmico de Fabiano, o Clube do Automóvel Antigo de Campos/RJ (o qual considera um filho), está sendo perpetuado e o Rio Minas continua essa obra maravilhosa.
        Roberto em sua trajetória no antigomobilismo já possuiu diversos carros, vendeu uns para comprar outros e hoje conta em sua garagem com:

· Chevrolet Brasil 1963 – Verde/Branca, idêntica a que seu pai possuiu;
· Ford A 1928 – que é um verdadeiro guerreiro e diz que todo antigomobilista devia possuir um, devido a sua resistência, beleza e simpatia;
· Chevrolet Impala 1964 – que está sendo sua mais nova paixão.

 

Manoel Machado, Roberto e sua mais nova paixão - O Chevrolet Impala 1964

        

        Vale ressaltar as amizades conquistadas ao longo desses 23 anos de estrada com veículos antigos, ‘’hoje tenho uma segunda família, que é a família antigomobilista’’ (diz Roberto). Quando chega a uma exposição, vê carros lindos e começa a procurar detalhes como: calotas originais, cor original, motor original, etc...

 

Um dos veículos Chevrolet que possuiu - Chevrolet 1939

 

        O que mais o encanta além da beleza e da história do carro antigo, é poder todo final de semana dar uma volta em um carro de 50 ou 80 anos atrás, fazendo com que as pessoas possam saber como era o mundo naquela época. Por ex.: uma viagem num Fordinho, tem a simplicidade e a beleza dos anos 20; uma viagem num Impala, tem o luxo e o glamour dos anos dourados da indústria automobilística. De vez em quando dá umas voltas numa Lambretta LI 1962, se sentindo o James Dean.

 

Agradecimentos


Gostariamos de agradecer ao amigo Roberto pelos depoimentos dessa maravilhosa história de vida e do antigomobilismo...

Até mês que vem...
 

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Data: 07/04/2014

De: Antonio Carlos Puccinelli

Assunto: Chevrolet brasil

Boa tarde,

Sou de Araçatuba/SP e gostaria, se for possível, entrar em contato co o Sr. Roberto pois estou restaurando uma Chevrolet Btasil, igual a dele, e precisaria de alguns conselhos.

Obrigado pela atenção.
mkpp@ig.com.br

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